A presidente sumiu. Não fala, raras vezes é vista em público, não negocia politicamente. Ou, se negocia, o faz tão mal que perde talvez a mais importante votação no Congresso, apesar de ter, em tese, uma maioria folgada. Não foi uma derrotazinha. Foi vergonhosa, na avaliação que fez, antes do vexame, o líder do governo, Cândido Vaccarezza. Para fechar o quadro, reaparece em Brasília seu antecessor e padrinho, Luiz Inácio Lula da Silva, com o velho truque de atribuir um escândalo (no caso, o da fortuna do ministro Antonio Palocci) a uma tentativa de desestabilização do governo. Bobagem. Contraria, de resto, a história do governo Lula. Com o mesmo personagem no centro, o escândalo do caseiro desestabilizou, sim, o próprio Palocci, mas o governo Lula só fez se dar bem daí para a frente, assim como o país. O Brasil cresceu mais, Lula reelegeu-se e virou um homem de R$ 200 mil por palestra. Não dá para dizer que foi porque Palocci caiu, como é óbvio. Mas é igualmente óbvio que a queda não desestabilizou nada, talvez porque o ministro era menos essencial e menos poderoso do que dizíamos os jornalistas (vide coluna de ontem de Vinicius Torres Freire). Se, em 2006, quando ainda havia fumaça nas cinzas do mensalão, a queda de Palocci foi facilmente absorvida, agora então é tudo mais tranquilo, até porque o céu econômico é quase de brigadeiro. O que atrapalha é o desaparecimento da presidente Dilma, fato agravado pela desenvoltura de seu antecessor. Ficamos assim: surge um escândalo com Palocci, Lula demite Palocci. Surge outro escândalo com Palocci, mas Dilma nem demite Palocci nem exige que ele se explique nem sai publicamente em sua defesa. Vai acabar dando a sensação de que Dilma está apenas esquentando a cadeira para a volta de quem nunca se foi. (* Folha de S.Paulo) Escrito por Magno Martins | |
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quinta-feira, 26 de maio de 2011
Dilma, cadê você?
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