O acidente com o voo AF 447, que caiu no Oceano Atlântico com 228 passageiros quando seguia do Rio para Paris em maio de 2009, pode ter sido causado pelo congelamento dos sensores de velocidade da aeronave, os chamados pitots. As informações publicadas pelo semanário alemão "Der Spiegel" neste domingo foram reproduzidas por jornais franceses.
De acordo com uma fonte do "Spiegel", que passou as informações sob a condição de anonimato, se causas exatas do acidente não podem ser determinadas, a análise das gravações das caixas-pretas sugerem que os pitots sofreram congelamento, evitando a transmissão de dados precisos sobre a velocidade. O incidente teria durado apenas quatro minutos.
As caixas-pretas com os dados sobre o voo foram encontradas recentemente, mas o conteúdo das informações ainda não foram divulgados. Ainda segundo a publicação, os dados técnicos mostram que, depois da pane no aparelho, houve um movimento brusco no eixo longitudinal da aeronave, levando-a a cair.
O "Spiegel" afirmou que ainda não está claro se esta sequência é o resultado de um erro do piloto ou se os computadores de voo procuraram compensar o que parecia ser uma perda de potência devido à falta de indicadores de velocidade. A partir da gravação, é possível saber que o comandante Marc Dubois não estava na cabine quando o primeiro alarme soou. O piloto, então, entra na cabine e grita instruções para seus dois co-pilotos.
O Escritório de Investigação e Análise (BEA, na sigla em francês), responsável pela análise dos dados das caixas-pretas do voo AF 447, decidiu divulgar antes as circunstâncias do acidente. Em entrevista à agência de notícias France Presse (AFP), um porta-voz do órgão afirma que os motivos seriam as informações contraditórias publicadas pela imprensa na última semana. "Informação fragmentada e mais ou menos contraditória divulgada na imprensa esta semana que (....) só pode perturbar as famílias, e afeta a serenidade da investigação", disse à AFP o porta-voz.
O órgão tem ficado irritado com os constantes vazamentos de informações sobre as análises dos equipamentos resgatados para a mídia. Na quinta-feira, uma reportagem do jornal ′Le Parisien` afirma que a análise das caixas-pretas do voo AF 447 mostrou que os pilotos do avião da Air France evitaram zonas de turbulência. A evidência coloca em dúvida a hipótese de que a aeronave havia enfrentado uma forte tempestade.
Na última quinta-feira, o secretário dos Transportes da França, Thierry Mariani, anunciou que as causas e responsabilidades pelo acidente seriam conhecidas no fim de junho. Uma primeira análise dos dados das caixas-pretas do avião havia apontado, na quarta-feira, que não houve nenhum problema sério na aeronave. Em entrevista à agência francesa France Presse, o diretor de investigações técnicas do acidente aéreo BEA, Alain Bouillard, afirmou que nessa primeira leitura fica claro que não houve nenhum problema ` incompreensível para os pilotos`. Bouillard, no entanto, lembra que isso não significa que não tenham ocorrido problemas menos importantes na aeronave.
A Air France e a Airbus foram indiciadas em março por homicídio culposo pela morte de 228 pessoas que estavam a bordo da aeronave. Na terça-feira, uma reportagem do jornal francês `Le Figaro` afirmava ainda que eles tinham tido acesso ao conteúdo das caixas-pretas, e que os dados livrariam os fabricantes da Airbus de qualquer culpa. Em nota, a Airbus informou que ainda não é possível descartar falhas técnicas no avião do voo 447 porque as investigações ainda estão em fase preliminar. Ao mesmo tempo, a companhia afirma que não é possível concluir que o acidente fora causado por problemas de equipamentos. Após o vazamento dessas informações, investigadores alertaram para o perigo de se precipitar e culpar a tripulação por algum problema.
FONTE: Diário de Pernambuco.
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