1- Saulo de Tarso Muniz dos Santos, o ex-chefe da Receita Federal, em Caruaru, que foi preso na manhã desta quarta-feira, em Maceió, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, vinha há pelo menos dois meses tentando angariar apoios na bancada federal pernambucana para ser o delegado regional.
2- Ele chegou a enviar o currículo para o governador Eduardo Campos e os senadores Humberto Costa e Armando Monteiro Neto, além de vários deputados federais, alegando que, com a saída do presidente Lula, os cargos de confiança na Receita também deveriam ser substituídos.
3- O senador Armando Monteiro confirmou ao Blog que o recebeu, em Brasília, há cerca de dois meses, mas o encontro foi estritamente protocolar.
4- O auditor passou-lhe as mãos cópia do currículo, porém o senador pernambucano não assumiu com ele nenhum tipo de compromisso. Até porque sabe que os cargos em comissão na Receita Federal há muito deixaram de ser preenchidos por indicação política, salvo o do secretário-geral, que é de livre nomeação do presidente da República.
5- A prisão de Saulo de Tarso, que tem apenas 39 anos de idade, pegou de surpresa muitos políticos do Agreste pernambucano, que o tinham na conta de um homem de bem, além de inteligente e afável.
6- Ele teria dado um prejuízo à Receita da ordem de R$ 12 milhões e estava sob vigilância da Polícia Federal há cerca de dois anos por ter apresentado sinais de enriquecimento ilícito.
7- A “Operação” da PF que o levou à prisão, batizada de “Operação Incongruência”, mobilizou 60 policiais de Pernambuco e de outros Estados para executar mandados de prisão no Recife, Jaboatão dos Guararapes, Caruaru, Gravatá, Maceió e Maragogi (AL).
8- Saulo de Tarso foi detido inicialmente na superintendência da PF em Alagoas e após prestar depoimento foi conduzido para o Cotel, em Abreu e Lima (PE).
9- Supostamente megalomaníaco, ele estava de olho no cargo do atual delegado da Receita em Pernambuco, Luiz Fernando, que é um técnico na acepção literal do termo e chegou lá por méritos próprios e não com ajuda de padrinho político.
10- Por ser réu primário, o ex-chefe da Receita em Caruaru deve responder a processo em liberdade, porém seu emprego público já era. Porque ele não tem como explicar o patrimônio incompatível com a renda.
FONTE: Inaldo Sampaio
