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quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

No time do Belo Jardim, que disputa o estadual, futebol é coisa de família


Técnico Edson Leivinha tem dois filhos entre seus comandados mas garante que relação familiar não interfere no trabalho



A família Oliveira está morando em Belo Jardim a trabalho. Pai e filhos (morando em casas separadas) acordam cedo, tomam banho, café, colocam o uniforme da empresa e se encontram para o início de mais uma jornada. Só que, no lugar de computadores e planilhas, o clã Oliveira usa bolas, chutes, cabeçadas e esquemas táticos para conseguir o ganha-pão. Empregados do Belo Jardim Futebol Clube, o técnico Edson Leivinha e seus filhos Neto e Felipe não se importam com nepotismo e estão juntos por uma boa campanha do Calango no Pernambucano 2013.

Leivinha Neto Felipe Belo Jardim (Foto: Lula Moraes / GloboEsporte.com)
Edson Leivinha diz que cobrança com os filhos é ainda maior (Foto: Lula Moraes / GloboEsporte.com)

- Essa história de nepotismo não me incomoda, eles estão no grupo por competência e sou bastante profissional sobre isso. E também não é a primeira vez que isso acontece, é só olhar na seleção brasileira de vôlei o técnico Bernardinho com o filho e levantador Bruno. No futebol temos o Fluminense de Abel Braga e do volante Fábio, enquanto a seleção americana jogou a Copa do Mundo de 2010 com o técnico Bob Bradley e o meia Michael Bradley.  A seriedade é o que determina essa relação - disse Leivinha.
O primogênito Felipe Oliveira, 23 anos, é zagueiro titular e homem de confiança de Leivinha, enquanto o volante Neto, 21 anos, é reserva e batalha por uma vaga entre os 11. Não é a primeira vez que o trio trabalha junto já que, no ano passado, o clã Oliveira estava na Cabense para disputar a Série A2. Antes, Edson Leivinha tinha sido treinador de Felipe Oliveira no sub-20 do Sport, em 2008 e no Marília, em 2010, enquanto Neto teve o pai como chefe no Sub-20 do Sport, em 2009.
- Eu fico mais na minha, mostro para as outras pessoas que a relação de pai e filhos não influencia o nosso trabalho. E até cobro mais, mesmo inconscientemente, até para evitar qualquer comparação de tratamento.
Felipe e Neto Belo Jardim (Foto: Lula Moraes / GloboEsporte.com)
Felipe e Neto precisam suar a camisa como todos
os outros (Foto: Lula Moraes)
No treino do Belo Jardim, pai e filhos não demonstram o afeto familiar. Nada de alguém falar "desculpa, pai" ou soltar um "filho, faz assim". Chamam uns aos outros pelo nome e, para os desavisados, são simplesmente técnico e jogadores. Felipe Oliveira disse que já sofreu bastante preconceito e por isso prefere evitar qualquer desconforto com o grupo.
- No início, acontecia alguns comentários e desconfianças sobre eu estar jogando sob o comando do meu pai. Se não falavam, eu percebia pelo olhar, pelo comportamento dos colegas, a reprovação por eu estar ali. Mas, com o tempo, mostrei que não tinha nada a ver e conquistei o meu espaço e o respeito dos demais.
Mesmo com a intimidade familiar, os três garantem que problemas de campo não chegam à mesa de jantar.
- Não tem essa de ficar falando sobre futebol em casa. Lógico que às vezes é inevitável, mas é raro. Normalmente evitamos esse assunto para que não extrapole para a nossa vida em família - explicou Neto.
Os irmãos garantem que não têm problema de convivência com o pai ou entre eles, nem mesmo uma raiva momentânea. Tranquilo, o trio exalta a harmonia em que vive. Neto até brinca com a afinidade deles.
Neto Belo Jardim (Foto: Lula Moraes / GloboEsporte.com)
Na reserva,volante Neto ainda tenta uma vaga no
time escalado pelo pai (Foto: Lula Moraes)
- Nunca aconteceu de a gente brigar ou discutir por conta de trabalho, é sério. Mas se rolar de ter algum estresse, a gente se resolve na “porrada” - brincou.
Leivinha tem orgulho dos filhos e sobre eles só solta elogios. Disse que não insistiu para que Felipe e Neto virassem jogadores, mas que a convivência deles ainda crianças no ambiente de trabalho, influenciou. Pai coruja, o treinador evita a resposta para a pergunta mais complicada sobre as crias: quem é o melhor?
- São bons jogadores e, por conta das posições, que são diferentes, não posso definir quem é o melhor. Para a família, Neto é mais jogador, porque tem mais técnica. Só que ele é mais lento, funciona nos trancos. Felipe Oliveira é um atleta que usa mais o físico, a força, porém também tem técnica para sair com a bola. São duas boas armas que tenho para o Pernambucano - paparicou Edson Leivinha.

Globoesporte.com

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