Foto: Allan Torres/Arquivo Folha |
A política é feita de acordos, de equilíbrio entre interesses e acomodação de necessidades. Alguns poucos atores conseguem cumprir essa faceta tendo em vista ideais elevados e o bem comum. Fernando Lyra, falecido ontem, conseguiu marcar sua trajetória pela articulação em momentos decisivos da história recente do País. Foi assim no enfrentamento parlamentar à ditadura militar, na costura da união em torno da candidatura de Tancredo Neves à Presidência da República e no cargo de ministro da Justiça do delicado e conturbado governo de transição de José Sarney.
Nesta última função, Lyra teve sob sua responsabilidade a tarefa de, nas palavras do ex-deputado Fernando Coelho, remover o entulho da ditadura, extinguindo a censura e os mecanismos de repressão. Tornou-se aquela figura, cada vez mais rara na política nacional, do sábio a quem acorrem em dúvida políticos de todas as nomenclaturas, parlamentares e presidentes, por sua experiência e confiabilidade. Lyra era um dos últimos representantes de um tempo em que a luta política se misturava com a luta pela liberdade. E depois que o regime opressor acabou, um dos poucos que conseguiram manter a coerência de sua biografia.
Fonte: Blog da Folha.
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